sábado, 2 de agosto de 2014

NÃO DESISTIR

Hernán Cortez, o grande conquistador espanhol, quase perdeu a vida quando esteve, pela primeira vez, na cidade do México, capital do império Asteca. Os nativos voltaram-se contra ele, mataram muitos dos seus soldados e obrigaram-no a fugir. 

Ele e o que restou do seu exército escaparam por um triz. Atravessaram o lago que circundava a cidade debaixo de uma nuvem de flechas que caíam sobre eles. Embrenharam-se pela mata, enfrentando feras e serpentes, fome e frio, sempre perseguidos pelos guerreiros de Montezuma. Por fim, um punhado de sobreviventes, fracos, feridos e humilhados, conseguiu chegar à praia. 

Ali estavam os navios que os haviam trazido através do Atlântico para aquela malfadada aventura. Os olhos de todos estavam postos sobre o comandante. Esperavam que Cortez desse a ordem de embarcar, levantar âncoras e içar as velas, a fim de que retornassem - derrotados, porém vivos - à Espanha. 

Qual não foi a surpresa dos soldados, no entanto, quando o chefe lhes disse: "Vamos tratar os feridos, reequipar o exército, reorganizar a tropa. Voltaremos lá para conquistar aquela cidade!" Aparentemente só um louco, em vez de se dar por satisfeito em salvar a própria pele, retornaria ao campo de batalha do qual escapara, como que por milagre, semanas antes. 

Mas era exatamente isso que Cortez se propunha a fazer. Os espanhóis agiram conforme as ordens do comandante. Reorganizaram-se, planejaram o novo ataque e adentraram mais uma vez a floresta rumo à cidade do México. Marcharam por vales e montanhas, cruzaram o lago a bordo de canoas, enfrentaram o exército inimigo, cercaram a cidade e tomaram-na. Cortez conseguiu, num momento de angústia, encontrar forças para retornar à luta e extrair dos soldados o que eles tinham de melhor. E assim transformou uma derrota avassaladora numa vitória inesquecível. Nós também podemos encontrar forças na fraqueza e, retornando à luta, alcançar grandes vitórias. 

Marcelo Aguiar, em Cura Pela Palavra, pg 49

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