quinta-feira, 29 de julho de 2021

ESPERANÇA

Em vão fui buscar os restos mortais de meus pais, vítimas do bombardeio em Hiroshima. Tudo, no local onde Outrora florescera uma grande cidade, era agora uma grande devastação. Nada foi deixado que denotasse vida, não havia uma folha verde nas árvores, nem um pássaro voando. Senti-me como se estivesse no reino da morte. Depois de permanecer alguns minutos no local onde meus queridos pais tinham vivido, indaguei de mim mesmo se seria possível aquela cidade levantar a cabeça, algum dia, e seu povo entregar-se à obra de reconstrução pessoal e nacional.

De repente, encontrei-me, olhar pasmado, fixando uma cena inspiradora. Da raiz de uma bananeira crestada pelo fogo saía um broto verde, magnífico. O fato me fez recordar o poder criador, a força vital que havia lutado contra a ação destruidora da bomba atômica, nos dez dias anteriores, e que aparecia agora, despontando de uma raiz daquela planta ressecada na superfície, mas cheia de vida interior. Aquela força tinha estado operando, ocultamente, sob o solo sapecado pelo fogo, enquanto nós estávamos desolados. Ouvi, então, a voz de Cristo: "Ora, se Deus veste assim a erva do campo... quanto mais a vós outros, homens de pouca fé? (Mt 6.30).

Cheguei a Hiroshima desesperado, saí cheio de fé e de esperança. 

Jiri lshii (Japão)
Fonte: http://conbcd.com.br

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