sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

MÃOS ERGUIDAS

"Vós  mesmos  sabeis  que  estas  mãos  proveram  as  minhas necessidades e as dos que estavam comigo" 

Atos 20.34

Alberto nasceu na  Alemanha  e  desde  cedo  revelou  grande aptidão pelo desenho e pintura. Mais tarde, teve oportunidade de  estudar  numa  cidade  maior  onde  com  sacrifícios  se mantinha nos estudos. Encontrou um colega na mesma  situação e se tornaram amigos, repartindo entre si o quarto, a comida e até as privações. Um  dia,  quando  juntos  enfrentavam  a maior crise de recursos, o amigo lhe disse:

- Nossa maneira de lutar pela sobrevivência não nos  permite êxito  nos  estudos.  Então,  deixemos  que  um  de  nós  só trabalhe, enquanto o outro só estuda. Quando este começar  a vender os seus quadros e obtiver lucros para o sustento  dos dois,  então  aquele  que  só  trabalhou  passará  a  apenas estudar.

- Muito bem pensado - disse Alberto. - Serei  o  primeiro  a trabalhar.

- Eu sou mais velho e não tenho  tanto  talento  como  você; além do mais, já  estou  trabalhando  em  um  restaurante  - retrucou o amigo.

Alberto concordou. No dia seguinte, foi para a escola e logo instalou sua oficina. Desenvolvia a  sua  arte,  enquanto  o amigo trabalhava e o fazia alegremente, por estar cooperando com Alberto e também pela esperança de um dia  retornar  aos estudos interrompidos. Um dia vendeu-se o primeiro quadro  e feliz Alberto apresentou ao amigo o resultado, dizendo:

- Agora eu trabalharei para o nosso sustento e você  voltará amanhã mesmo para a escola.

O colega, com as esperanças renovadas, voltou à arte. Gastou horas trabalhando, mas fez pouco  progresso.  Seus  dedos  e músculos  haviam  enrijecido  e  as  articulações  crescidas dificultavam  o  manuseio  do   pincel.    Alberto tentou encorajá-lo, porém, dentro de alguns meses, o amigo concluiu que teria de sacrificar sua arte  para  sempre  e  voltou  a trabalhar  no  restaurante.  Vendo  o  que  acontecera    ao companheiro na ânsia  de  ajudá-lo,  o  coração  de  Alberto parecia  despedaçar-se,  pois  sabia  que  jamais    poderia restituir-lhe a flexibilidade dos dedos. Todavia,  havia  de amá-lo sempre, sendo-lhe eternamente reconhecido.

Um dia, voltando ao quarto, ouviu a voz do amigo em oração e o viu com aquelas mãos calejadas erguidas, rogando a Deus pelo sucesso do companheiro e suplicando  que  lhe  desse  a habilidade com a qual ele sonhou uma vez possuir. Foi grande a emoção de Alberto, enquanto dizia para si  mesmo:  "Jamais poderei restituir àquelas mãos a habilidade perdida, mas  eu posso mostrar ao mundo um  sentimento  de  amor  e  profunda gratidão, pelo seu tão nobre feito em benefício de um amigo. Pintarei suas mãos assim como as vejo e acontecerá  que,  ao olharem para a tela, todos sentirão  como  vivos  seu  gesto altruísta".

E foi justamente o que fez Alberto e o mundo hoje conhece  o magnífico quadro das Mãos Erguidas.

Fiquem na paz!

Virginia

Nenhum comentário: