segunda-feira, 13 de março de 2017

AFIANDO O MACHADO

Num reino distante vivia um jovem desportista e presunçoso que colecionava desafios e vitórias. Invencível em inúmeras modalidades havia uma que ele não dominava:a arte de cortar  árvores.

Naquele reino as árvores precisavam  ser cortadas quando atingiam uma boa altura pra que se renovassem ainda mais bonitas. Na verdade, era uma poda constante.

Decidido a ser campeão também nisso, o jovem procurou um velho sábio, o melhor em derrubar árvores. O velho aceitou  treinar o jovem. Diariamente eles treinavam e o jovem crescia em habilidade e agilidade.

Numa manhã ensolarada, o jovem derrubou mais de cinquenta árvores em poucas horas. Diante disso o velho declarou o jovem Mestre em derrubar árvores e entregou-lhe seu certificado.

Por alguns dias, o jovem se sentiu satisfeito com o título. Porém, em todo o reino o mais procurado e admirado na arte de derrubar árvores continuava sendo o velho. Ele era o único a possuir o machado de ouro, o grande troféu do reino.

O tempo não deixava o espírito do jovem sossegar e por isso, teve uma ideia ”Vou propor ao velho um desafio! Quem de nós cortar mais árvores será o novo Mestre”.

E assim pensando, procurou o velho que mesmo admirado, aceitou o desafio.     Numa tarde, sob o olhar de diversas pessoas do reino, o desafio foi lançado: aquele que até o por do sol derrubasse mais árvores, seria o vencedor.

O jovem cortava incessantemente. O velho, nem tanto. Sempre que o jovem olhava para o velho o encontrava sentado. Chegou a rir de sua ideia tão fácil... E assim, com este pensamento,esqueceu o velho e concentrou-se nas árvores.

Quando o sol se pôs e o jovem olhou o montante de troncos que o velho derrubara achou muito... Talvez fosse impressão.  No entanto, á medida que ia cortando os troncos decepados, mais evidente ficava que o velho havia ganhado.

-Como pode ter sido, Mestre?

-Por  que você está tão surpreso, filho?

-porque sempre que eu olhava, o senhor estava sentado, descansando...

-E eu parecia cansado?

-Pensando bem, não.

-Meu filho, não julgue pelas aparências. Eu não estava descansando. Apenas amolava meu machado.

Amolar o machado equivale a preparação em tudo o que fazemos na vida. A aprendizagem é contínua e infinita. Ninguém nunca saberá tudo. Quem se julga especialista se acomoda e fica estagnado

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