Lá nas alturas das montanhas suíças ficava a casinha de um lavrador e sua família. Aconteceu, certo inverno, que uma avalanche desabou sobre ela, enterrando-a. Durante semanas o frio tornou dura como gelo aquela massa de neve, de maneira que era impossível tentar o salvamento dos enterrados vivos. Um dia a mãe teve de dizer:
– Se não mudar o tempo logo, ficaremos no escuro completo, pois o azeite da candeia se está acabando...
Chegou o momento, extinguiu-se o último bruxuleio, e as crianças gritavam:
– Papai, ficou noite!
Antes, porém, de se mergulhar a casinha em trevas completas, o pai apontou para a beira superior da vidraça da sala, e explicou:
– Vejam, crianças, dentro de alguns dias há de aparecer lá um reflexo de luz. O Sol está brilhando no Céu, embora não o vejamos, e ele vai derreter a neve.
A pequena luz apagara-se, logo depois extinguiu-se também a última brasa no fogão. As crianças meteram-se na cama, e quando queriam queixar-se, dizia o pai:
– Fiquem quietos, logo aparecerá a claridade na vidraça, pois o Sol está brilhando lá fora!
Bem sentia ele o medo que oprimia as crianças. Estas já não davam crédito ao consolo que ele lhes apresentava, e só esperavam a morte. Todavia, sempre o pai as animava:
– Esperem, que a luz virá!
No auge da angústia perceberam uma pálida réstia de claridade na vidraça. Gritou então uma das crianças:
– Papai, já vem a luz!
E o homem saltou da cama e, pondo-se de joelhos, orou: "Senhor Deus, eu Te dou graças, por mandares a Tua luz!"
Mais e mais se distanciou a réstia, ouvia-se já o ribombar da tempestade que havia fora, e aquelas grossas muralhas de neve se derreteram. Por fim a luz penetrou a sala toda, e veio logo o livramento...
Apenas dois dias a família tinha passado em trevas completas, como depois lhes disseram. Para os soterrados, porém, pareciam meses. E aquele homem, que exclamou: "A luz virá!", não só foi obrigado a esperar, mas também soube esperar!
"Este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e Ele nos salvará." Pode parecer aos filhos de Deus muito longa a noite deste mundo – e de fato é. Mas, "esperem, que a luz virá"!
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