sábado, 10 de março de 2012

O RIO E O OCEANO

Dizem que antes de cair no Oceano o Rio treme de medo. 

O Rio olha para trás, para toda a jornada: os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados e vê à sua frente um Oceano tão vasto que pensa que entrar nele nada mais é do que desaparecer.

Mas não há outra maneira. O Rio não pode voltar. Ninguém pode voltar o curso de um Rio. A existência segue sempre para frente. 

Somente quando o Rio entra no Oceano é que o medo desaparece. Isso porque apenas ali ele se dá conta de que não se trata de desaparecer no Oceano, mas sim de tornar-se Oceano.

Por um lado é desaparecimento, por outro é renascimento. Por um lado é perder-se, por outro é ampliar-se muito além do já esperado. É só e pura transformação.

Assim somos nós... Voltar o curso da existência é impossível. Nós só podemos ir em frente, arriscar. Corajosamente tornamo-nos Oceano. Sem coragem evaporamos nossa possibilidade de vida eterna, de qualidade, de radicalidade na experiência de existir.

Não apresse o Rio, já diziam que ele corre sozinho. Mas não contenha o Rio, a água sabe para onde vai. Confie, solte-se, transforme-se...

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