sábado, 21 de dezembro de 2013

A MENINA DOS FÓSFORO

Há muito, muito tempo, numa grande cidade, vivia uma linda menina muito pobre, que ganhava a vida a vender caixas de fósforos. Ela sabia que, se chegasse a casa sem ter conseguido vender os fósforos, seria castigada com severidade pelo pai. Para ele, o Natal não tinha encanto, só lhe interessava o dinheiro que a filha lhe tinha de entregar todos os dias.
Numa noite, véspera de Natal, a pequena vendedora vagueava pelas ruas, com a neve a cair em abundância, afundando nela os seus pezinhos. Nas mãos geladas, levava as caixinhas de fósforos.
Dentro das casas aquecidas, as famílias cantavam junto das lareiras e das árvores de Natal, repletas de presentes. O cheiro dos assados quentinhos espalhava-se pelas ruas, desertas e gélidas. Ninguém queria comprar os seus fósforos.
Muito cansada, sentou-se num canto e lembrou-se das bonitas fábulas que a sua doce mãezinha lhe contava, enquanto a embalava nos seus braços quentes.  Mas isso fora antes de a tuberculose a ter levado. A menina imaginou-se ao encontro dos braços abertos da mãe, mas esta parecia estar sempre longe, impossível de alcançar.
O frio aumentava. Com lágrimas nos olhos, ela olhou para as caixinhas de fósforos: se acendesse apenas um para aquecer as mãos, talvez o pai não notasse. Pegou num fósforo e acendeu-o. Uma chamazinha quente e luminosa logo brilhou. Para ela, parecia o calor de um grande fogão ali perto. Pegou noutro fósforo e acendeu-o também. Diante dela surgiu uma mesa posta com porcelanas e um delicioso assado, recheado com ameixas e maçãs, exalando um cheiro delicioso. Quando estendeu a mão... a chama desapareceu.
Só a neve caía diante dela. Acendeu um terceiro fósforo. Agora parecia estar sentada junto a uma enorme árvore de Natal, onde milhares de bolas coloridas e estrelinhas cintilavam. De repente, a chama tremeu, o fósforo apagou-se... e tudo desapareceu. A menina acendeu mais um fósforo e lembrou-se da sua avó, que sempre a tratara com ternura. Mas o fósforo apagou-se e a imagem desfez-se.
O frio aumentava. A menina já não sentia os pés e as mãos estavam enregeladas. Então, com muita dificuldade, acendeu todos os fósforos que ainda restavam e, como que por magia, à sua volta tudo pareceu brilhar. Sentiu que estava a separar-se daquele corpo gélido que era o seu e a aproximar-se de uma luz salvadora.
Foi por isso que não viu dois braços enérgicos, mas carinhosos, correrem na sua direção.
Quando acordou, estava numa cama bem quentinha. Todos olhavam para ela com muito amor.
Agora tinha uma nova família que a adotara.
Naquele lar, o amor tinha acendido uma nova chama, que nunca mais se iria apagar

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