domingo, 19 de março de 2017

O FILHO QUE FOI

A repórter ficou estarrecida ao presenciar aquela velha senhora catando cascas de batatas no tonel de lixo que estava em frente ao único restaurante daquele lugarejo. De imediato, não quis se aproximar, e ficou de longe, sem perdê-la de vista, observando-a até que a mesma chegasse em seu humilde barraco. Notou ainda, quando a idosa lavou, uma por uma, todas aquelas cascas, e as colocou numa panela com água fervente (que já se encontrava no fogão à lenha, na varanda). Então, chegou-se até ela, e a indagou:

- Este será o seu almoço de hoje, senhora ?

A velha se assustou com a presença repentina da desconhecida, e depois de se recompor do susto, assentiu, com um rápido meneio da cabeça.

- A senhora não tem ninguém que a ajude? Não tem ninguém que a instrua a receber os benefícios do governo? quis saber a repórter...

A anciã, ainda trêmula, mas sentindo uma enorme necessidade de falar - de desabafar - achou forças pra dizer:

- Eu tenho sim, minha fia, eu tenho um fio... só qui ele num mora mais cumigo, foi lá pros Estaduzunidos. Tadim dele... aqui tava disimpregado, entonces foi prá lá pra mode de tentá a sorte...

- E esse seu filho não lhe manda dinheiro???

- Pois é minha fia, acho qui ele inté tá ainda disimpregado... já inté iscreveu umas cartas prai eu, e inté me mandô umas figurinhas coloridas de lá... só que eu num sei lê e purisso fico sem sabê das nutiça dêle...

A repórter então se interessou pelas tais cartas que o filho as enviou, e pediu para vê-las (tinha com isso a intenção de tentar descobrir alguma pista que pudesse ajudar a pobre mãe iletrada), e a velha, feliz da vida, com a possibilidade de ouvir notícias do filho, correu até aos seus guardados, e apanhou imediatamente as cartas e entregou-as nas mãos da moça. Foi aí então que a jovem jornalista se surpreendeu com o que encontrou dentro dos envelopes: O que eram para a Dona Maria Humanidade apenas figurinhas coloridas, na verdade eram cédulas de Dólares, de diversos valores, e ali haviam bastante delas... o suficiente para comprar um restaurante inteiro.

É notório que a humanidade não conhece o Filho que foi... Pobre humanidade, quanta carência! não sabe nem o valor da sua própria vida, e vagueia pelas ruas do desespero, mendigando sobras de esperança nos ambientes mais imundos da insensatez... Analfabeta humanidade, não sabes ler a Palavra que o Filho lhes enviou? Não sabes tomar posse das bênçãos que Ele lhes outorgou? Não sabes identificar as riquezas que Ele lhes presenteou??? Ignorante humanidade, nunca ouvistes que mesmo Ele tendo partido, deixou lhes a promessa do retorno? Que mesmo não estando aqui, deixou-lhes o consolo de poder falar com Ele? Que mesmo estando à distância, Ele não se esqueceu de ti???


Portanto: "Quem tem o Filho, tem a Vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a Vida". (I João 5:12)

Cícero Volney

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