sexta-feira, 26 de julho de 2013

O SAPATEIRO E O REFORMADOR

“A ética cristã não contém nenhuma partícula de joio – ela é trigo puro”

Um exímio sapateiro, que fora evangelizado por Martinho Lutero, decidiu mudar de vida. Ele era um profissional muito requisitado em sua época, por ser o melhor produtor de sapatos de couro de búfalo, costurados à mão. Em compensação, cobrava muito caro por cada um dos pares que confeccionava, e por isso, se tornara um dos homens mais rico daquela cidade. Assim como o Reformador Lutero, ele descobriu que a Bíblia era o Livro que faltava em sua vida, e passou a devorá-la com os olhos e a se encantar com cada versículo e capítulo lidos... Certa vez, em um de seus encontros com Martinho, ele perguntou ao mesmo:

- O que eu devo fazer agora que conheço o Evangelho? Qual deve ser o meu chamado?

A resposta do reformador foi surpreendente para o sapateiro, do mesmo modo que surpreenderia muitos de nós hoje, Lutero simplesmente disse:

- Faça um bom sapato e venda-o pelo preço justo.

Diante deste pequeno relato, podemos fazer uma reflexão a respeito do desafio de ser ético em um mundo tão arbitrário, em que vivemos. Talvez muitos ainda não tenham atentado para o significado real de ser um “pequeno Cristo” no cotidiano... Precisamos ser luz, e alumiar os ambientes e as pessoas ao nosso derredor... Alguns ainda pensam que Deus exige uma formalidade religiosa para o recebê-Lo: ser pastor, presbítero, missionário, apóstolo, levita, diácono, obreiro, líder de célula, professor de Escola Dominical, Educador infantil e etc... Mas eu lhes pergunto: Do que adiantará um bom título, se a pessoa estiver manchada por um currículo reprovado?

Não é preciso muito esforço para encontrarmos gentes se escondendo dentro dos templos: são profissionais desonestos, pais que educam mal seus filhos, patrões que exploram seus funcionários, pastores que assumem o sacerdócio pela estabilidade financeira e não pelo amor e piedade, frequentadores interessados em só encontrar um par amoroso, músicos e vocalistas buscando status e honra pra si, e por aí vai...

Neste carrossel de interesses pessoais, o homem contemporâneo parece ocupar o lugar do príncipe de Maquiavel, o qual na defesa de seus sonhos e ambições faz o possível e o impossível pra sempre sair ganhando em todas as relações de troca em que ele se envolve, seja elas afetiva, financeira ou de qualquer valor. O que fica subentendido nas entrelinhas desta pós-modernidade é que ser ético significa ser um otário, um “mané”, alguém totalmente quadrado, ou seja, ganhar pela ética é perder na relação, agir pela ética é deixar de lucrar... que horror!

Para a Igreja isso é triste, pois a ética é um ponto de luminosidade no mundo; agir a partir dela é dizer NÃO de forma retumbante ao curso pedagógico deste mundo. A ética, mesmo expressando-se numa atitude unilateral e individual, é sem dúvida um dos maiores exercícios de espiritualidade que o homem pode fazer.

Ser ético é adorar ao Pai em todos os instantes e em todos os lugares; é mostrar na prática a frase que diz “Jesus vive em mim”.
 
Cícero Volney

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