Eu vi faltar papel para livros de paz
Enquanto circulavam jornais de crime.
Eu vi as sobras de um banquete no lixo,
E um homem morrendo de fome embaixo da ponte.
Eu vi um bonito envelope de pagamento
Cheio de vales...e vazio de justiça.
Eu vi um homem com as duas mãos nos bolsos
Enquanto um irmão pedia UMA delas para se levantar.
Eu vi duas estrelas, com brilho no céu,
Enquanto dois olhos ao meu lado se apagavam.
Eu vi um sacerdote crucificado na língua de alguém
E vi o mesmo alguém estendendo a língua numa comunhão.
Eu vi a máquina falhar de repente
E um homem perder o emprego por causa do parafuso.
Eu vi um comunista pedindo aumento para operários,
Tendo uma garrafa de wisky em baixo do braço
Eu vi alguém deixar um cheque violento na boate
E no outro dia, dar de esmola, 2 reais a um orfanato.
Eu vi um pai levar o filho a uma prostituta
E não o vi levar a filha, da mesma idade, a uma escola.
Eu vi gente acendendo velas ao diabo
E soprando as velas de Deus.
Eu vi uma legião de puxa-sacos
Pendurada na radiografia da mediocridade.
Eu vi uma moça nua no calendário do Laboratório Médico
Enquanto seus dias, de janeiro à dezembro, eram de dor.
Eu vi a falta de diálogo e a distância da orientação
Assustando a menina na primeira menstruação.
Eu vi o tóxico entrar em casa
E o pai, de desgosto, sair dela... num caixão.
Eu ouvi o relincho de um valente burro judiado
E não ouvi o sinal de vida de um covarde que se omitiu.
Eu ouvi um homem dizer "- Bom dia!"
E depois de meia hora despedir 10 funcionários sem "por quê"
Eu vi, um homem morto de cansaço
E seu filho esbanjando cada gota do seu suor.
Passeando...passeando no mundo,
Eu vi os remanescentes dos fariseus.
Eu vi o sangue do Cristo se perder no cotidiano
E o bafo de Judas no ouvido da nossa gente.
Raça de víboras!
Sepulcros caiados!
Geração adúltera!
Neimar de Barros
Fonte: http://www.webservos.com.br/
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