"Vós mesmos sabeis que estas mãos proveram as minhas necessidades e as dos que estavam comigo"
Atos 20.34
Alberto nasceu na Alemanha e desde cedo revelou grande aptidão pelo desenho e pintura. Mais tarde, teve oportunidade de estudar numa cidade maior onde com sacrifícios se mantinha nos estudos. Encontrou um colega na mesma situação e se tornaram amigos, repartindo entre si o quarto, a comida e até as privações. Um dia, quando juntos enfrentavam a maior crise de recursos, o amigo lhe disse:
- Nossa maneira de lutar pela sobrevivência não nos permite êxito nos estudos. Então, deixemos que um de nós só trabalhe, enquanto o outro só estuda. Quando este começar a vender os seus quadros e obtiver lucros para o sustento dos dois, então aquele que só trabalhou passará a apenas estudar.
- Muito bem pensado - disse Alberto. - Serei o primeiro a trabalhar.
- Eu sou mais velho e não tenho tanto talento como você; além do mais, já estou trabalhando em um restaurante - retrucou o amigo.
Alberto concordou. No dia seguinte, foi para a escola e logo instalou sua oficina. Desenvolvia a sua arte, enquanto o amigo trabalhava e o fazia alegremente, por estar cooperando com Alberto e também pela esperança de um dia retornar aos estudos interrompidos. Um dia vendeu-se o primeiro quadro e feliz Alberto apresentou ao amigo o resultado, dizendo:
- Agora eu trabalharei para o nosso sustento e você voltará amanhã mesmo para a escola.
O colega, com as esperanças renovadas, voltou à arte. Gastou horas trabalhando, mas fez pouco progresso. Seus dedos e músculos haviam enrijecido e as articulações crescidas dificultavam o manuseio do pincel. Alberto tentou encorajá-lo, porém, dentro de alguns meses, o amigo concluiu que teria de sacrificar sua arte para sempre e voltou a trabalhar no restaurante. Vendo o que acontecera ao companheiro na ânsia de ajudá-lo, o coração de Alberto parecia despedaçar-se, pois sabia que jamais poderia restituir-lhe a flexibilidade dos dedos. Todavia, havia de amá-lo sempre, sendo-lhe eternamente reconhecido.
Um dia, voltando ao quarto, ouviu a voz do amigo em oração e o viu com aquelas mãos calejadas erguidas, rogando a Deus pelo sucesso do companheiro e suplicando que lhe desse a habilidade com a qual ele sonhou uma vez possuir. Foi grande a emoção de Alberto, enquanto dizia para si mesmo: "Jamais poderei restituir àquelas mãos a habilidade perdida, mas eu posso mostrar ao mundo um sentimento de amor e profunda gratidão, pelo seu tão nobre feito em benefício de um amigo. Pintarei suas mãos assim como as vejo e acontecerá que, ao olharem para a tela, todos sentirão como vivos seu gesto altruísta".
E foi justamente o que fez Alberto e o mundo hoje conhece o magnífico quadro das Mãos Erguidas.
Fiquem na paz!
Virginia