quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

VÉSPERA DE NATAL

Um certo empresário deixou para fazer as compras de Natal nos últimos instantes. Nas ruas, diante do vai e vem de uma multidão frenética ele se espantou com tudo aquilo, jamais esperava que fosse assim... Entre os esbarrões de toda aquela gente apressada ele prosseguiu em busca de uma loja onde pudesse encontrar uma ou um atendente simpático que lhe desse a devida atenção. De súbito, enquanto caminhava, pula um garoto à sua frente que lhe pediu e implorou que ele comprasse duas canetas para ajudá-lo. Nervoso, ele manda o menino sair da frente. Apressou então os passos e só diminuiu quando percebeu que havia ganho certa distância do moleque.

Foi até a uma loja de brinquedos e lá foi secamente mal atendido. A balconista, exausta e irritada, vende as suas descortesias e ele prontamente deu-lhe o troco.

Ao voltar para casa, guiou o carro como se estivesse à frente de um exército inimigo, queixando-se sistematicamente de tudo e de todos que atravancavam o seu caminho, até que, como por castigo, o tráfego tornou-se lento e o trânsito insuportavelmente engarrafado... “Haja paciência!” (resmungou ele consigo mesmo).

Quando chegou enfim, já muito mal humorado, seu filho caçula recebeu-lhe com a ansiedade dos que aguardam uma notícia. A sala estava iluminada, em clima de festa, um som ambiente agradabilíssimo e ainda toda aquela aura de júbilo e êxtase transformou imediatamente o seu ser, sentindo agora uma paz indescritível caiu em si, e recordou de sua vergonhosa performance naquela maratona de véspera de Natal...

Estava diante de um quadro totalmente diferente do que vira lá fora, e agora ali, observando a alegria do seu filho diante dos muitos embrulhos coloridos, reviu arrependido a expressão tristonha daquela criança lá da rua do comércio, que tentou lhe vender duas canetas, e foi enxotada... Quão insensato foi seu coração! Quão egoísta ele se portara diante de um pobre ser que não teve na vida um pouquinho sequer da sua sorte! Recordou da moça vendedora, o quão foi arrogante com ela (quantos mais além dele já não tinham sido naquele tumultuado dia?) pobre moça! tinha toda a razão de estar angustiada! Lembrou também das pessoas nas ruas, pelas quais se ele pudesse, teria passado por cima delas... Monstro! (isso é o que sou), pensou!

Foi para a cozinha, onde estava a esposa, a filha e sua mãe (que veio para passari o Natal com eles), beijou-as, e entregou-lhes os presentes... Sua mãe, na sabedoria dos seus muitos anos vividos, observou algo de diferente nele e abraçando-o, disse:

– Meu filho, até então você não havia entendido o sentido do Natal. Este clima de comercialização criado pela ganância do homem é lamentável e transformou o ato de presentear numa obrigação. É óbvio que é bom presentear, nos dá alegria! também é muito bom receber presentes (isso demonstra sempre um gesto de carinho, uma manifestação de bem-querer). Mas, o ideal seria que não houvesse tempo certo para isso, pois as datas fixas tiram muito a espontaneidade do gesto e a magia da dádiva. Porém, é sempre bom lembrar que quando nos reunimos no Natal é para celebrarmos o nascimento de Jesus, e que Este, só renascerá de fato em nosso coração quando nos dispusermos a vivenciar integralmente a Sua mensagem. Portanto, vivencie o Natal amando ao próximo, fazendo aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem, porque tudo que fizermos ao menor de nossos irmãos, é ao "aniversariante" que estaremos fazendo. Este é o verdadeiro sentido do Natal.

Naquela mesma noite, aquele homem encheu seu carro de guloseimas e saiu a distribuí-las para os mendigos que estavam nas calçadas do seu bairro, e toda a sua família foi com ele...

Muitos de nós nos comportamos como o homem dessa história. Por isso, na comemoração do nascimento de Jesus, precisamos também cairmos em nós... Que haja muita alegria, afinal, a lembrança do Cristo já é por si um estímulo espiritual e um júbilo interior muito grande... Que haja reflexões mais profundas quanto as pessoas carentes, mas principalmente é preciso que haja ação em favor delas... Que se promovam festas na família, nas instituições ou nos ambientes de nossa convivência, mas que a alegria tenha um sentido mais elevado, e que não deixemos nos desvirtuar pelos desperdícios e pelos abusos que comprometem o corpo e o espírito. Procuremos “Cristianizar” o Natal, ou seja, que as pessoas não se preocupem somente com a festa, com a comida, com os presentes, porque a festa não é só para os convidados, é especialmente de JESUS. Portanto, quem deveria receber os presentes é ELE, o aniversariante.

Então, façamos a nos mesmos esta pergunta: “Que presente daremos à Jesus?”

Se ficarmos em dúvida, procuremos no Evangelho um pedido Dele para cada um de nós.

Cícero Volney

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