A palavra amizade vem da raiz latina amicus, mas a palavra que temos para amizade no texto original grego do Novo Testamento é filos, que significa aquele que ama ou gosta de algo ou alguém.
Agora, é óbvio que no sentido de amizade de intimidade e comunhão é impossível que esta seja estabelecida quando uma das partes envolvidas não o deseje, ou então o deseje sob a condição de jugo desigual, a saber, de comunhão das trevas com a luz, o que é impossível à citada comunhão.
Daí Jesus definir como seus amigos íntimos, somente aqueles que guardam os Seus mandamentos, porque são estes que são nascidos do Espírito Santo, e tendo a Sua habitação podem partilhar da comunhão espiritual com o Senhor, o qual é espírito.
A rigor, não se pode chamar de verdadeira amizade aquela que é fundamentada no mal, porque neste não pode existir verdadeiro amor, pois o que caracteriza uma amizade verdadeira é o amor.
Assim, há amigos íntimos, amigos não próximos, e em nossos dias até amigos virtuais, como os das redes sociais, que apesar de não se conhecerem pessoalmente, em alguns casos, podem manter laços de amizade pelo interesse comum de desejar o bem um do outro.
Agora, devemos considerar que a amizade não é algo que seja necessariamente permanente, pois é possível que alguém assuma uma posição diferente e contrária a quem antes amava, por motivo justificável ou não. A Bíblia está repleta de exemplos relativos a isto, inclusive de amigos que se tornaram até mesmo traidores, como vemos por exemplo nas citações de Jeremias e de nosso Senhor Jesus Cristo, nos textos a seguir:
“Pois ouço a difamação de muitos, terror por todos os lados! Denunciai-o! Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar; bem pode ser que se deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos vingaremos dele.” (Jeremias 20.10)
“E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;” (Lucas 21.16)
Todavia, a par de toda a prudência que devemos ter, é necessário cumprir a ordenança bíblica de que no que depender de nós devemos ter paz com todas as pessoas, e não abrigar mágoas e ressentimentos em nosso coração, mesmo em relação aos que nos têm ofendido.
E especialmente em relação aos nossos irmãos em Cristo devemos seguir a instrução apostólica que diz:
“Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes,” (I Pedro 3.8)
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros;” (Romanos 12.10)
Mas mesmo neste caso devemos ter toda a prudência, sabendo que uma verdadeira amizade demanda dos que são amigos um caráter refinado e aprovado, pois o simples nome de crente não nos valerá quando não se anda de modo reto e fiel, e com certeza, os laços de amizade sofrerão com isto, conforme somos alertados no seguinte texto de Provérbios:
“O homem que tem muitos amigos, tem-nos para a sua ruína; mas há um amigo que é mais chegado do que um irmão.” (Provérbios 18.24)
Há somente um amigo que nunca falha, mais chegado do que um irmão, que sempre nos é fiel, e este é Jesus Cristo.
Todos os demais amigos falham ou podem vir a falhar... daí a necessidade que temos de praticar o perdão, para a continuidade com o relacionamento com aqueles que nos amam de fato e que são sinceros no seu proceder.
Sigamos o exemplo de Jesus, conforme no caso da restauração do apóstolo Pedro, que apesar de tê-lo negado por ter sido pressionado pelas circunstâncias, todavia jamais o havia negado em seu coração, porque o amava verdadeiramente.
Silvio Dutra
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