Ali está o pequeno Absalão brincando com seus irmãos nos jardins do palácio real.
Os olhos de seu pai o contemplam cheios de admiração e orgulho por ele, não por vislumbrar um espírito reto e piedoso que nele se formaria no futuro, mas senão somente por seus belos dotes físicos e sagacidade.
O pequeno cresceu e se transformou num monstro, a ponto de tentar contra a vida do próprio pai e levantar um exército contra ele com o intento de ocupar o trono em seu lugar.
Ainda assim, Davi se conduzia apenas pelos sentimentos e gratas recordações dos tempos de infância e juventude do rapaz.
Então ordenou insistentemente a seus homens que poupassem a vida de Absalão na batalha que Deus ordenara que se levantasse contra ele e o seu exército infiel.
Mas o Senhor tinha outros planos em relação a isto e ordenou que fosse morto.
Joabe ouviu a Deus e não a Davi naquela ocasião e o matou.
Quando retornaram em triunfo da batalha, os homens que haviam colocado suas vidas em risco por causa de Davi e do seu reino - tendo inclusive havido baixas entre eles – não receberam boa acolhida da parte do rei, que recusava ser consolado pela morte de seu filho, e não conseguia vencer a tristeza que sentia.
Joabe o repreendeu com respeito e com sábias palavras, mostrando-lhe que procedia mal naquele caso pois estava desprezando os que haviam colocado suas vidas em risco por amor a ele, e estava prezando a quem odiava tanto a ele quanto a Deus.
Somente então ele se dispôs a demonstrar a devida gratidão aos que haviam lutado por ele.
De igual modo, quantos não têm desprezado aqueles que lutam por seus interesses e que os amam em justiça e de fato, por causa de laços sentimentais que os cegam para a verdade?
Silvio Dutra
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