Savonarola, dominicano italiano, agitava Florença com seus sermões perturbadores. O Papa, desejando silenciar o caloroso pregador, ordenou que um bispo dominicano fosse a Florença tentar convencer o rebelado.
— Santo Padre, obedecerei, mas desejo que sejam fornecidas armas, solicitou o bispo.
— Que armas?, indagou o Papa.
—Ora, esse monge prega que não podemos ter concubinas, nem cometer simonia ou viver licenciosamente. Se o que ele diz a esse respeito for verdade, como lhe replicarei?
— Ora, ora - respondeu o Papa - agrade o monge, trate-o com diplomacia. Se for necessário, ofereça-lhe um chapéu de cardeal. Mas, acalme-o.
O bispo recebeu bondosamente o último cartucho e ofereceu o suborno a Savonarola. A resposta do monge foi:
— Venha ouvir meu sermão amanhã; dar-lhe-ei a resposta.
E não foi sem surpresa que, no dia seguinte, o bispo ouvia ataques ainda mais severos aos erros da Igreja, ataques que culminaram com a declaração final que encerrava o assunto: "Não desejo outro chapéu vermelho senão o do martírio, colorido com o meu próprio sangue".
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