Diversas vezes o capelão tinha-lhe aconselhado, mas não recebia dele resposta alguma. O homem era intolerante quanto a qualquer instrução. Finalmente, pediu um certo livro, mas como não o achasse na biblioteca, o capelão indicou a Bíblia que pertencia ao quarto deste homem, perguntando:
— Já leu este livro?
O criminoso não respondeu, somente olhou o pregador com maior ódio. Então o capelão repetiu a pergunta, assegurando-lhe que valia a pena ler a Palavra de Deus.
— Se o senhor soubesse quem sou — disse o prisioneiro — não me faria tal pergunta. Que tenho eu com tal livro?
Disse-lhe então o capelão:
— Conheço muito bem a sua fama e o seu caráter, e é esta a razão por que lhe ofereço a Bíblia como o livro que o ajudará.
— Não me valerá coisa alguma — insistiu o preso — já não tenho mais sentimento.
E fechando a mão, deu um murro na porta de ferro, gritando ao mesmo tempo:
— Meu coração é tão duro como este ferro; nenhuma coisa neste livro me poderá tocar.
— Bem — disse o capelão — o senhor quer um coração novo. Já leu o pacto da graça?
A isto o teimoso indagou do que queria ele dizer com tal fala.
— Escute estas palavras — disse o capelão — ...e vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo..." (Ezequiel 36.26).
O homem ficou muito admirado. Pediu que lhe mostrasse a passagem na Bíblia. Leu as palavras repetidas vezes, e quando o capelão voltou no dia seguinte a fera estava mansa.
— Meu senhor — disse ele — nunca sonhei com uma tal promessa! Nunca tive a menor ideia de que Deus pudesse falar de tal maneira com homens. Se Ele me conceder um coração novo, será um milagre, porque somente a esperança de uma natureza nova me trará a emoção que nunca senti na vida.
Este homem aceitou Jesus, e tornou-se manso, obediente à autoridade e de espírito gentil igual ao de uma criança.
N. de Barros Almeida - Coletânea de Ilustrações
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