sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O FOGO, A ÁGUA E A REPUTAÇÃO

Narra-nos Humberto de Campos, um apólogo árabe, no qual se encontraram, certo dia, numa encruzilhada, o Fogo, a Água e a Reputação. Fizeram logo camaradagem e resolveram viajar juntos. Começada a viagem, contou cada um os seus feitos e as suas peripécias.

O Fogo falou do seu serviço aos deuses e aos homens, das devastações que provocara. A Água falou das lágrimas que chorava pelos olhos cegos das fontes. Finalmente, a Reputação aludiu à dependência em que estava da vontade e do capricho dos outros. Deliberaram os três não mais se separarem e combinaram que teriam um meio de serem identificados, se acaso algum deles se extraviasse.

Disse o Fogo: "Onde virdes a Fumaça, que é minha filha, aí estou. Não há Fumaça sem Fogo".

"Se me afastar de vós", informou a Água, "examinai o solo. Onde notardes a umidade, que é minha filha, cavai nesse lugar, que em encontrareis. Onde há umidade, há Água."

Dito isto, olharam ambos para a Reputação e indagaram: "E tu, que sinal nos dás, para te procurarmos?" A interpelada, corou, confusa. "A mim", gemeu, "quando me perderdes, não me procureis mais". E triste, os olhos no chão: "Porque aquele que me perder uma vez, nunca mais me encontrará".

Peçamos ao Senhor que Ele nos dê um cuidado constante e extremado sempre que abrirmos a boca para falar de alguém.

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