segunda-feira, 15 de novembro de 2021

A SILENCIOSA FONTE DA ANSIEDADE

Minha ressaca foi terrível, mas eu sobreviveria.
A náusea foi palpável, mas eu sabia que passaria.
A disciplina foi severa, mas eu mereci.
O que eu não suportava foi a culpa.

A nossa árvore genealógica é marcada pela mancha do alcoolismo. Meu pai foi bem claro: o abuso do álcool leva à aflição e essa aflição leva à miséria. Mais de uma vez eu prometi que nunca ficaria bêbado.

Então, por que eu fiz? Por que eu, aos 16 anos, fiquei tão furiosamente embriagado que nem consegui dirigir? E por que eu dirigi de todo jeito? Por que eu bebi tanto que deitei com a cabeça girando e o estômago virando?

Quando acordei, na manhã seguinte estava com a cabeça latejando, um pai desapontado e, acima de tudo, uma consciência culpada. A culpa pesou como um bloco de concreto no meu estômago.

Você já sentiu?

Sua descida talvez não envolveu álcool. A sua podia ser por sexo, brigas, roubo, mentiras, drogas, ou explosões raivosas. Sua culpa pode ser resultado, não de um momento na vida, mas de uma estação da vida. Você farrapou como pai. Você jogou fora sua carreira. Você desperdiçou a sua juventude ou o seu dinheiro. Culpa. Essa culpa é uma das sementes que produzem a erva daninha da ansiedade.

Surpreso? Listas de gatilhos de ansiedade tipicamente incluem agendas cheias, exigências irrealistas ou engarrafamentos. Mas precisamos ir mais fundo. Por trás das expressões frenéticas da humanidade, é culpa não resolvida. De fato, a primeira ocasião de ansiedade pode ser atribuída à culpa.

“Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim.” (Gênesis 3:8)

O que aconteceu com a primeira família? Até esse ponto não havia sinal de medo ou ansiedade. Eles não se esconderam de Deus. De fato, eles não tinham o que esconder. “O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha.” (Gênesis 2:25)

Mas, aí veio a serpente e o fruto proibido. Eles disseram “sim” para a tentação e “não” para Deus. E num instante tudo mudou. Eles se cobriram de folhas e se esconderam nas árvores. Eles fizeram o que pessoas ansiosas fazem, eles se envolveram numa corrida para se cobrirem.

Note a sequência. Primeiro veio a culpa. Ansiedade veio em seguida. A culpa dirigiu o caminhão. A ansiedade pegou carona atrás. Adão e Eva não souberam como lidar com a sua derrota. Nós pagamos um preço alto quando não lidamos de forma apropriada com a nossa.

Vamos voltar para a história de Max aos 16 anos, o jovem que acorda num poço de culpa. Imagine que ele resolvesse tratar o seu pecado com a atitude de Adão e Eva. Que ele minimize ou descarte o evento. Talvez ele opte pelo caminho da autopunição. E afinal, ele pode até se embriagar de novo para escapar da culpa, por um tempo, até que ele fique sóbrio.

O que vai acontecer com Max se ele nunca descobrir um tratamento saudável para sua derrota? Que tipo de pessoa a culpa não resolvida cria? Uma pessoa ansiosa, sempre se escondendo, fugindo, negando, fingindo.

A culpa suga a vida das nossas almas.
A graça, por outro lado, a restaura.

Ninguém tinha mais motivos para sentir o peso da culpa que o Apóstolo Paulo. Ele foi uma versão antiga da ISIS, prendendo discípulos e derramando o seu sangue (veja Atos 8:3). Ele era legalista até a alma. (Veja Filipenses 3:4-6). Ele tinha sangue nas suas mãos e diplomas religiosos na sua parede. Mas aí veio o momento no caminho de Damasco. Cristo achou Paulo, e Paulo acho a graça. Filipenses 3:7-8

Ele nunca foi o mesmo. “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo.” (Filipenses 3:7)

Eu posso testemunhar para o poder transformador da graça. Por quatro anos eu vivi com o bloco de concreto da culpa; não só daquela noite de bebedeira, mas por mais cem como ela. A culpa me estragou e estava à caminho de uma vida inteira de miséria. Daí, eu ouvi um pregador fazer para mim o que estou tentando fazer para você: descrever a graça divina que transforma pródigos em pregadores. Quando ele perguntou se alguém gostaria de receber esta graça, correntes de ferro não podiam ter me segurado. A verdade seja dita, correntes de ferro haviam me segurado. Mas essas correntes foram quebrada e eu fui liberto.

Isso faz quarenta anos. Nos anos desde então, eu passei por ansiedade. Mas nunca tive um momento ansioso que foi devido à culpa não resolvida. Em Cristo, eu descobri um perdão que é profundo demais para ser sondado, alto demais para ser escalado. Você conhece esta graça? Senão, podemos ter descoberto uma fonte da sua ansiedade. Você pensou que o problema era seu calendário, seu casamento, seu trabalho. Na realidade, é culpa não resolvida.

Entregue a ele. Diga a ele o que você fez e que você está arrependido. Peça para ele trocar sua culpa por paz, tranquilidade e esperança.

Não se afogue no bojo da sua própria condenação. Deus está pronto para escrever um novo capítulo em sua vida. Diga com Paulo “Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13-14)

Max Lucado
Tradução por Dennis Downing
Em Inglês: “The Unspoken Source of Anxiety”

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