segunda-feira, 29 de junho de 2020

PERDÃO

Há uma história que nos fala de um menino, por nome Moc. À sua tribo haviam chegado colonos brancos, e um deles, um tal Sr. Cohen, estabelecera ali uma loja. Moc armara uma arapuca na floresta, para apanhar uma raposa. Na manhã seguinte, viu que a armadilha funcionara, mas que o animal escapara. Notou então na lama umas pegadas que não podiam ser outras senão as do velho Sr. Cohen. Evidentemente, ele furtara o animal. Moc ficou enfurecido. O conselho que lhe dera o missionário, de que perdoasse a seus inimigos, pareceu-lhe impossível de seguir. Ao chegar à loja e encontrar-se frente a frente com o Sr. Cohen, repetiu consigo mesmo sua velha divisa hindu.

"Um bom hindu não esquece nunca". Naquela tarde, dirigia-se à praia, quando foi atraído por uns gritos. Rebentara uma tempestade, e um homem havia sido arrastado pelo mar. Na praia, a senhora Cohen torcia as mãos. Moc pôs-se ao largo em sua canoa, remando por sobre as ondas revoltas. Duro era aquele trabalho, e foi com o risco da própria vida que conseguiu trazer à praia o Sr. Cohen, prestes a afogar-se.

Ao abrir o homem os olhos, compreendendo o que se havia passado, perguntou: "Por que arriscou a sua vida para salvar um homem que lhe fizera uma injustiça?" E Moc respondeu: "Porque eu quero ser um bom hindu, e um bom hindu retribui o mal com o bem. Já tomei a minha vingança".

Que exige mais valor – esquecer uma injustiça ou reter rancor contra alguém?

Luíza E. Bechenstein

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