sábado, 10 de outubro de 2009

CAÇADORES DE CRIANÇAS


Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado.
Is. 65.20


A Tanzânia condena pela primeira vez caçadores de albinos. Devido a uma tenebrosa superstição, essas pessoas são mortas e têm o corpo retalhado para ser vendido a feiticeiros.Um tribunal da Tanzânia mandou para a forca, na terça-feira passada, três homens que mataram um menino albino de 14 anos e amputaram suas pernas. É a primeira condenação para um tipo de crime comum no país. Desde 2006, pelo menos 75 albinos foram mortos e esquartejados no país. O albinismo é uma deficiência na produção de melanina, o pigmento que dá cor a pele, olhos, cabelos e protege da radiação ultravioleta. Os portadores da deficiência têm a pele pálida e vulnerável ao câncer, cabelos finos e olhos sensíveis à luz. Devido a uma superstição macabra, que atribuiu poderes sobrenaturais aos "zero-zero" – como são pejorativamente chamados –, nenhum albino está a salvo na África Oriental, sobretudo na Tanzânia e no Burundi. Eles são caçados e têm o corpo retalhado para ser vendido. Samwel Mluge, albino de 50 anos que vive na Tanzânia, casou-se com uma albina e a alteração genética foi transmitida aos seus cinco filhos. "Sempre digo às crianças para serem cuidadosas e só andarem em grupo", disse Mluge a VEJA. "Eu sinto-me caçado como um animal."

Na Tanzânia, país entre os últimos colocados no ranking de desenvolvimento humano da ONU e com rendimentos per capita de 440 dólares, o comércio de órgãos para feitiçaria é um negócio que vale qualquer risco. As partes mais valorizadas do corpo de um albino (dedos, língua, braços, pernas e genitais) podem atingir 3 000 dólares a peça. Apesar de a incidência de albinismo no país estar cinco vezes acima da média mundial, a demanda é tão grande que a Tanzânia importa clandestinamente pedaços de corpos. Pescadores tecem fios de cabelo de albinos nas suas redes para ter sucesso na pescaria. Mineiros penduram no pescoço amuletos feitos com seus ossos moídos. Quem consegue beber o sangue ainda quente de um albino tem sorte em dobro. Melhor ainda se for de uma criança, pois a pureza infantil intensifica o poder do feitiço.

Alimentado pela miséria e pela ignorância, um extenso rol de tradições brutais persiste na África. A mutilação genital das meninas é a norma entre a etnia maioritária do Quénia, por exemplo. A tortura e o assassinato pelos próprios familiares de crianças acusadas de possessão demoníaca são uma praga na África Austral. O caso dos albinos provoca maior indignação mundial devido aos esforços de um albino canadense, Peter Ash, que criou a ONG Under the Same Sun para pressionar o governo da Tanzânia a reprimir o tráfico de carne humana. Poucas providências foram tomadas. "Sabemos que pessoas poderosas se consultam com os feiticeiros e não querem ver seu nome em tribunais. Se as vítimas fossem normais, os culpados já estariam presos", disse Ash. Na semana passada, ele desembarcou na Tanzânia para continuar sua campanha. Por razões óbvias, fez-se acompanhar de três guarda-costas.

3 comentários:

Janderson Martins disse...

Nesta mensagem vemos o quanto o mundo é preconceituoso, e quantas pessoas más existe, devemos ter em mente que é Deus que nos criou a sua imagem e semelhança.
Que possamos ajudar as crianças a serem mais felizes e ajuda-las a conhecer o caminho que levará para o céu.

Jefté Melo disse...

Pra você ver como é um povo sem Deus no coração é uma catrástofe só existir confusão preconceito e as piores coisas existentes acontecem,graças há Deus que essas coisas não existem com a mesmo jeito na nossa região.

Dr. Albee disse...

Bom dia

Tramita na Assembléia Legislativa paulista o Projeto de Lei 683/2009, de autoria do deputado Carlos Giannazi (PSOL). O Projeto prevê a distribuição de protetor solar e óculos gratuitamente para albinos residentes no estado.

Dia 16 de outubro ocorrerá uma audiência pública na Assembléia Legislativa em São Paulo, a fim de discutir o assunto. A idéia é mostrar à comunidade a importância que a aprovação do projeto terá para as pessoas com albinismo, até agora invisíveis aos olhos do poder público no que tange às suas necessidades específicas.

Recentemente, a imprensa destacou o caso das crianças albinas de Olinda, que não possuem condições de adquirir protetor solar e dependem da caridade alheia. A aprovação do Projeto de Lei paulista significará o primeiro passo para que albinos de todo o Brasil não precisem mais depender de ajuda externa e passem a contar com protetor solar continuamente. Trata-se de uma iniciativa que atenderá às pessoas com albinismo coletivamente e à longo prazo.

O evento na Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP) consistirá de mesa redonda composta pelo deputado Carlos Giannazi; pelo professor aposentado da USP, Dr. José Carlos Sebe Bom Meihy, historiador envolvido em importantes trabalhos com grupos minoritários; pela estudante de Educação Física Andreza Cavalli, albina que tem uma comunidade sobre albinismo no Orkut e desenvolve contínuo trabalho de aproximação entre albinos online; e, por mim, Roberto Rillo Bíscaro, que, com a criação do Blog do Albino Incoerente, tenho despertado alguma atenção para a necessidade de se estabelecerem políticas púbicas de saúde para albinos.

A audiência púbica contará com cobertura do canal de TV da ALESP e certamente trará visibilidade e esclarecimentos à comunidade a respeito da situação de muitos albinos brasileiros.

É vital que as pessoas com albinismo, seus familiares e amigos e demais interessados no assunto compareçam à ALESP na noite de 16 de outubro. Nossa mobilização, e de nossos aliados, é extremamente importante para sensibilizar a comunidade em geral sobre a relevância do projeto de lei.

Abaixo, os dados sobre o evento.

Audiência Pública: A Luta pela Inclusão dos Albinos na Sociedade.
Data: 16 de outubro.
Horário: 19:00
Local: Assembléia Legislativa de São Paulo – Sala José Bonifácio.
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, 201 (em frente ao Parque do Ibirapuera), no Palácio Nove de Julho.

Agradeço aos que puderem comparecer e também peço a gentileza de me ajudarem na divulgação como puderem.
Roberto Rillo Bíscaro